Parlamento português chegou a adiar sessões para que deputados pudessem acompanhar os capítulos
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Faz 40 anos. Com cheiro a cravo e cor de canela, “Gabriela” chegou pela primeira vez a Portugal a 16 de maio de 1977, dia em que foi exibido o primeiro episódio de uma história que viria a arrebatar o coração dos portugueses de uma forma nunca antes vista. Ao mesmo tempo nascia o fascínio pelo formato telenovela, descoberto graças a “Gabriela”.
Três anos depois de se ter libertado de um regime ditatorial, o país ficava agora preso à caixinha mágica para assistir à famosa história criada por Jorge Amado. E, assim, criava-se um novo hábito, que continua enraizado na nossa sociedade: o de assistir a telenovelas. Prova disso é o facto de ser um dos produtos mais consumidos da televisão portuguesa.
Portugal parava literalmente para ver “Gabriela”, um fenómeno televisivo sem precedentes. Em casa, as famílias reuniam-se na sala. Quem não tinha televisão juntava-se nos cafés ou nas tascas para não perder um episódio da trama protagonizada por Sônia Braga e Armando Bogus. A popularidade daquela que foi a primeira novela exibida em Portugal estendeu-se até à Assembleia da República, onde o trabalho chegava mesmo a ser interrompido ou adiado.
Para uma audiência que estava habituada a assistir a minisséries europeias e teatro, a oportunidade de seguir diariamente uma história rodada num país tropical, que falava a mesma língua com sotaque mais doce, funcionava como uma lufada de ar fresco.
“Gabriela” teve não só o poder de alterar os hábitos dos portugueses, como também de ser transversal a estratos sociais e faixas etárias. No final da década de 70, a novela da Globo funcionava como um fator de união, de conversa e também de mimetismo. O corte de cabelo da personagem Malvina, por exemplo, ficou na moda e foi adotado por várias mulheres. O próprio papel da mulher acabou também por sofrer algumas mudanças na altura.
E o sucesso não esmoreceu, muito pelo contrário. Durante os seis meses em que foi exibida em Portugal, a novela foi seguida por uma impressionante média diária de quatro milhões de espectadores. Por outro lado, “Gabriela” roubou audiência aos cinemas e aos teatros, uma vez que o público ficava à frente da televisão à espera de mais um episódio da novela.