O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, prometeu “tolerância zero” ao racismo contra vários defensores dos direitos humanos, incluindo duas deputadas negras: Joacine Katar Moreira e Beatriz Gomes Dias.
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As autoridades iniciaram uma investigação após recebimento de ameaças por e-mail que teriam sido enviadas por um grupo de extrema direita.
Um dos e-mails, visto pela agência de notícias “Reuters”, foi enviado ao grupo Frente Unitária Antifascista nesta terça-feira, dia 11, e citou um total de 10 pessoas, de políticos a líderes sindicais, dizendo-lhes para renunciarem aos seus cargos e deixar o país em 48 horas ou enfrentam “medidas” não especificadas contra eles e suas famílias.
Assinado pela “Nova Ordem da Avis — Resistência Nacional”, o e-mail veio três dias depois que um grupo de extrema direita que se autodenominava Resistência Nacional organizou uma pequena mobilização com tochas, remetendo a atos Ku Klux Klan, em frente à sede da organização SOS Racismo. Os presentes no movimento racista usaram máscaras brancas.
Em julho, a sede da organização, além de escolas e centros de refugiado já haviam sido vandalizadas com mensagens racistas e xenófobas. https://t.co/pL3bFg5muW pic.twitter.com/lSnV58K8FK
— carolinha (@caroImonteiro) August 12, 2020
Em sua página no Facebook, o grupo disse que o “protesto foi uma vigília em homenagem às forças de segurança mortas por jovens”. Contactado pela “Reuters”, a associação negou qualquer link para os e-mails ou para o grupo que os assinou.
O presidente de Portugal disse que o Ministério Público está investigando os incidentes.
— Ser firme em nossos princípios significa tolerância zero em relação ao que é condenado pela constituição — afirmou Rebelo de Sousa.
A ministra do Gabinete, Mariana Vieira da Silva, disse que a ameaça contra legisladores e outros ativistas, era “também uma ameaça contra a democracia”.
Mamadou Ba, do SOS Racismo, disse a jornalistas fora da sede da polícia em Lisboa, após relatar os incidentes, que foi mostrado o quanto a luta contra o racismo deve ser reforçada.
O presidente do SOS Racismo e do Parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues, frisou que as ameaças vieram de um grupo de extrema direita.
Há cerca de três semanas, o ator negro Bruno Candé, de 39 anos, foi baleado várias vezes por um homem branco na casa dos 80 anos gritando calúnias racistas em uma rua movimentada de Lisboa, o que levou centenas a tomarem uma das principais praças da cidade em protesto.
“Nossas vidas são importantes”, disseram vários grupos antirracistas em uma carta aberta na quarta-feira. “O silêncio das instituições é cúmplice”.
Manifestação na cidade do Porto contra o racismo.