Presidente de Portugal, “rei dos selfies e da empatia”, é exceção em época de desconfiança nos políticos…

A revista Le Point traz uma reportagem nesta semana sobre o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Ele irá disputar a reeleição em 24 de janeiro e tem grandes chances de sair vitorioso. “Marcelo, o presidente ‘anormal’ de Portugal, é acessível e agregador (…) um fenômeno nesta época de desconfiança generalizada nos políticos”, escreve a publicação francesa.

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A imprevisibilidade faz parte da rotina do presidente Marcelo. (Foto-CWB)

A revista Le Point traz uma reportagem nesta semana sobre o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Ele irá disputar a reeleição em 24 de janeiro e tem grandes chances de sair vitorioso. “Marcelo, o presidente ‘anormal’ de Portugal, é acessível e agregador (…) um fenômeno nesta época de desconfiança generalizada nos políticos”, escreve a publicação francesa.

É quase certo que este liberal de centro-direita, ex-professor de Direito, será reeleito para um segundo mandato: as pesquisas preveem uma vitória já no primeiro turno. “É preciso dizer que ele é mais do que popular: ‘Marcelo’, como é chamado em Portugal, é incrivelmente próximo de seu povo”, destaca a Le Point. Em seguida, a publicação descreve o cotidiano do dirigente.

“Ele faz suas compras sozinho, sem guarda-costas. Em Cascais, onde mora a oeste de Lisboa, ninguém se surpreende quando vê o presidente da República de bermuda aguardando a sua vez de passar no caixa do supermercado, como se fosse um cidadão comum. Ele vive na mesma casa modesta desde 1975. Tanto no verão quanto no inverno, duas a três vezes por semana, começa o dia tomando um banho revigorante no rio Tejo. Excelente nadador, ele não abre mão desse ritual aquático matinal, a poucos dias de completar 72 anos (12 de dezembro).”

Em 2017, quando o centro de Portugal foi consumido por incêndios florestais, Rebelo de Sousa percorreu cada cidade afetada pelas chamas para consolar os moradores que perderam tudo. Os portugueses deram a ele o apelido de “o presidente dos abraços”. “Isto não é uma postura, ele sempre foi sensível ao sofrimento alheio”, garante a colega de universidade Leonor Beleza, ouvida pela reportagem.

A Constituição semipresidencialista de Portugal dá ao chefe de Estado o poder de dissolver a Assembleia. Mas o que Rebelo de Sousa gosta de fazer é influenciar a trajetória dos acontecimentos. Suas qualidades políticas reconhecidas são a capacidade de articulação e persuasão. “Ele sabe como aproximar comunistas e liberais”, afirma a revista francesa. O oposto do brasileiro Jair Bolsonaro.

“É um grande conciliador (…) que soube fazer de uma concha vazia, a presidência da República, uma função essencial”, diz Pierre Debourdeau, diretor da empresa de consultoria Eurogroup Consulting, em Lisboa.

Herança de família

Rebelo de Sousa atribui seu jeito empático e caloroso à família. “Seu pai, que foi ministro do ex-ditador António Salazar, também professor de medicina e famoso orador, atuou nos bastidores pela democratização do regime”, prossegue o texto. “A mãe, uma assistente social católica de esquerda, sempre detestou a autoridade e amava os pobres: desde os 4 anos, o pequeno Marcelo percorria as favelas de Lisboa”, assinala a Le Point.

Em cinco anos, Rebelo de Sousa transformou a função presidencial. Segundo o professor de ciências políticas Antonio Costa Pinto, “os portugueses não escapam do esgotamento em relação à classe dirigente”. O que Rebelo de Sousa conseguiu fazer em Portugal foi diminuir a distância entre as instituições e as pessoas. “Ele os reconciliou com o poder, e isso não é pouca coisa!”, conclui o especialista.

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