Refugiados preparam refeições para profissionais da saúde de Portugal

Cansado e faminto, o enfermeiro Nuno Delicado teve uma surpresa agradável quando um restaurante sírio local enviou comida ao hospital de Lisboa, onde ele vem lutando contra a pandemia do novo coronavírus. Mas o que realmente o surpreendeu foi a história de humildade daqueles que prepararam as refeições.

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Ramia Ghumim, que fugiu da Síria anos atrás, cozinha para profissionais da saúde de Portugal. (Foto: Arquivo pessoal)

O restaurante Tayybeh foi criado por um casal de refugiados que escapou da Síria assolada pela guerra anos atrás. Desde meados de março, Ramia Abdalghani e Alan Ghumim, ambos de 36 anos, estão oferecendo alimento a profissionais de saúde que combatem a pandemia na capital portuguesa.

— Fomos ajudados por pessoas que viveram uma situação dramática — disse Delicado, de 33 anos. — Foi uma grande lição de vida para todos nós. Nos mostrou que, como sociedade, precisamos ajudar uns aos outros.

A maioria dos profissionais de saúde não têm mais tempo de preparar refeições em casa, e, como as lanchonetes dos hospitais estão fechadas devido ao isolamento no país, eles têm que contar com restaurantes como o Tayybeh, explicou Delicado. Portugal tem 17.448 casos e 567 mortes por causa da Covid-19, de acordo com levantamento da universidade americana Johns Hopkins.

Refeições preparadas pelo casal sírio aos profissionais da saúde de Lisboa. (Foto: Arquivo pessoal)

O casal sírio se mudou para Portugal há quatro anos, mas foi só em 2019, após algumas outras empreitadas, que abriram o estabelecimento em Lisboa, onde moram com os dois filhos. Eles queriam mostrar aos portugueses o que é a cozinha síria.

— Não somos só tanques e espingardas. Temos uma cultura, cidades históricas, temos muitas coisas. É isso que tentamos mostrar aos nossos clientes — disse Ghumim.

Eles se sentiram em casa assim que pousaram em Portugal, segundo ele. Por isso, quando o coronavírus chegou, quiseram fazer algo para ajudar sua nova comunidade.

— Quando você foge de uma guerra, sente o desastre, mas também percebe quem está ao seu lado. Então, em todas as coisas que fazemos aqui em Portugal tentamos retribuir às pessoas que nos receberam de braços abertos.

Os profissionais de saúde só precisam ligar, dizer ao restaurante quanta comida precisam, e o casal coloca mãos à obra. Eles fazem de tudo, do popular Daoud Basha ao humus cremoso. Os trabalhadores podem pegar a comida diretamente no restaurante, de dia ou de noite.

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