Número de brasileiros em Portugal cresce 23% e bate recorde de sete anos

Número de brasileiros em Portugal cresce 23% e bate recorde de sete anos.

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Suelen Gomes, à direita, e Natália Magalhães, penúltima à esquerda, criaram uma feira de moda em Portugal (Foto: Ana Carvalho / Divulgação)

Os números atualizados da população brasileira em Portugal confirmam a tendência crescente de emigração para o país europeu. Pelo segundo ano consecutivo, a quantidade de residentes brasileiros registrados oficialmente cresceu, passando de 85.426, em 2017, para 105.423 em 2018, um aumento de 23%. É a maior quantidade de brasileiros legalizados no país desde 2012.

Em 2018, os brasileiros, novamente, foram os que mais receberam títulos de residência em Portugal , com 28.210 emissões, seguidos pelos italianos (6.989), franceses (5.306) e britânicos (5.079), de acordo com os relatórios divulgados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nesta sexta-feira em Lisboa. São 480.300 estrangeiros residentes em Portugal, valor mais alto registrado pelo SEF desde 1976 e 13% maior em relação a 2017. O Brasil representa 21% dos imigrantes.

O número, no entanto, poderá ser ainda maior ao fim deste ano, porque somente nos quatro primeiros mese, foram concedidas 17 mil autorizações de residência, segundo informou o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. No total da população brasileira residente, as mulheres formam a maioria, com 62.575 contra 42.848 homens.

Apesar de o perfil do imigrante brasileiro possuir características diversas, a busca pela oportunidade de ensino em instituições superiores é uma tendência desde 2005, quando havia apenas 1.907 estudantes brasileiros. Hoje, eles já são mais de 12 mil.

Seja por ambição profissional ou pela demora em conseguir uma vaga no mercado português dentro da área de formação, os imigrantes brasileiros mais qualificados, aqueles que fazem pós-graduação ou mestrado nas universidades do país, tendem ao empreendedorismo.

Foi o caso das sócias cariocas Suelen Gomes e Natália Magalhães. Decididas a darem uma pausa no mundo corporativo no Brasil, ambas emigraram em 2018, se conheceram no mestrado de marketing da Universidade do Porto e lançaram seu próprio negócio de comunicação, que se desdobrou em uma feira de moda, gastronomia e cultura, a Feito por elas.

— Se fosse para fazer no Brasil, não faria. E não fazia sentido sair do país para trabalhar no mundo corporativo em Portugal. Quero tentar projetos novos, projetos meus, trabalhos que se encaixam na minha vida. É o que todo mundo quer: fazer bem o que gosta e ter qualidade de vida — disse Suelen.

A Feito por elas estreou no início de verão, no dia 21 de junho, na filial do Porto da rede hoteleira Selina. Agora, as sócias, junto com as demais integrantes do projeto (três brasileiras e uma portuguesa), já têm planos de produzirem mais edições.

— Eu trabalhei na área de marketing do metrô do Rio durante seis anos e saí para estudar e buscar novas oportunidades. Foi cansaço do mundo corporativo e vontade de trabalhar para mim em um novo mercado, aliado ao estudo qualificado — declarou Magalhães.

Quem não planeja empreender a curto prazo sofre na busca por emprego em um mercado de trabalho com reduzidas possibilidades. Caso de Camila Barroso, estudante de arquitetura no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

— Decidi emigrar buscando melhorar minhas competências acadêmicas e profissionais. Mas ainda enfrento dificuldades no sentido profissional, de validação de currículo para trabalhar como arquiteta ou urbanista. Além da demora, é caro e burocrático – explicou Barroso.

No Portal das Queixas, a demora e a burocracia na expedição do visto e a especulação imobiliária figuram entre as principais denúncias. A regularização pode superar os quatro meses entre uma entrevista e outra e mais alguns meses até a emissão do documento.

— Por ter um visto de estudante, é preciso autorização do SEF para trabalhar, e eles pedem o contrato de trabalho. Mas quando fazemos entrevistas, as empresas pedem a autorização do SEF antes de fazer o contrato. Fica esse jogo de empurra – disse Barroso.

Para tentar diminuir a burocracia, o SEF anunciou a criação do projeto Smart SEF ID, que irá permitir a criação de uma identidade digital para a renovação do visto de residência. O processo será válido somente para estudantes universitários.

Em relação aos aluguéis, os proprietários chegam a pedir 12 meses de caução e mais de um fiador aos estrangeiros, o que aumenta a dificuldade de estabelecer residência e contribui para a crescente especulação imobiliária.

No total, Portugal emitiu 93.154 títulos de residência em 2018, um aumento de 51,7% em relação a 2017 (61.413). A imigração ajuda no combate ao envelhecimento da população em Portugal, onde apenas 13,7% da população tem menos de 15 anos. Em 2018, a população era de 10.276.617 pessoas, menos 14.410 do que no ano anterior, e só não caiu mais devido aos imigrantes. Em 50 anos, o país poderá apenas ter metade da população em idade produtiva.

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