Dez dias após o início do desconfinamento parcial, Portugal registra tendência de queda de casos de Covid-19.
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A conclusão foi apresentada por especialistas ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa em reunião na Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).
No momento em que países europeus apertam as medidas restritivas, as taxas portuguesas estabelecem parâmetros para manutenção do plano gradual e cauteloso de reabertura da economia, iniciado em 15 de março.
Segundo explicou ao Portugal Giro a epidemiologista Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública, participante da reunião, a prudência e a testagem poderão ser aliadas no combate às reviravoltas da pandemia.
Estamos no lado contrário da Europa e o plano de reabertura, bem devagarinho, está mantido por enquanto. A testagem será reforçada e indicará se será preciso voltar atrás em alguma etapa do desconfinamento, caso haja aumento significativo de casos – disse Nunes.
No Twitter, o primeiro-ministro António Costa anunciou a redução de casos, mas pediu cuidado:
A situação epidemiológica em Portugal mantém-se estável e com redução do número de casos. No entanto, o risco efetivo de transmissão está a aumentar. Não obstante o desconfinamento em curso, é muito importante manter todas as cautelas e aplicar as medidas de prevenção.
O país tem hoje 81,3 casos por 100 mil habitantes e índice de transmissão (Rt) de 0,89.
São números mais baixos que os apontados pelo Centro Europeu de Controle de Doenças (CECD) em 18 de março. Naquele relatório semanal dos 14 dias anteriores, Portugal foi o país da União Europeia (UE) com menos casos de Covid-19, com média de 93 casos por 100 mil habitantes diante de 283 por 100 mil na UE. Na mesma lista, os portugueses eram 20º em fevereiro.
O que aconteceu foi que conseguimos descer muito o número de casos, com transmissão baixa na comunidade. Para acelerar outra vez levaria tempo e, por isso, estamos em desconfinamento faseado. Obviamente que vamos ver aumento, mas como está muito baixo, não deve subir depressa – explicou Nunes.
Portugal estaria agora entre 60 a 120 casos por 100 mil habitantes na média dos últimos 15 dias. Também houve diminuição das hospitalizações das pessoas com mais de 60 anos e o número de óbitos tem descido aos mínimos da pandemia.
Na segunda-feira, foram registrados 248 novos casos, o menor número desde 1º de setembro. No pior dia da pandemia, em 28 de janeiro, 16,4 mil novos contágios diários haviam sido confirmados.
A estabilização da pandemia ocorreu devido ao confinamento rígido de dois meses após o caos da nova onda em janeiro. E chega no momento crítico de atraso da vacinação na União Europeia.
Em Portugal, 5% (471 mil) da população receberam as duas doses da vacina. E 9% (942 mil pessoas) foram inoculadas com ao menos uma dose. Porém, mais da metade dos idosos acima de 80 anos foram vacinados, o que alivia a pressão hospitalar.
Decidir pela reabertura a conta-gotas desde 15 de março ajudou a manter a descida de casos. Creches, livrarias, bibliotecas, cabeleireiros, barbearias, manicures, serviços de entrega à porta de restaurantes e supermercados podem funcionar.
Instituições do pré-escolar e 1º ciclo, para crianças até 12 anos, voltaram às aulas presenciais, mas as demais séries estão em ensino remoto. Imobiliárias e concessionárias de automóveis também estão abertas, assim como pequenos estabelecimentos comerciais.
A segunda fase de abertura começará após a Páscoa, dia 5 de abril. Para evitar o mesmo erro cometido no Natal, quando medidas mais relaxadas permitiram maior contato e desencadearam um novo surto em janeiro, desta vez será proibido viajar entre municípios, medida que já vigora aos finais de semana. As celebrações em Fátima serão digitais.
O caos de janeiro instalou-se num mês que foi problemático em termos de comportamento aliado à chegada e predominância da variante do Reino Unido (70% hoje) – disse Nunes.
As autoridades apelam aos portugueses a não baixarem a guarda. Assim como no início da pandemia de coronavírus, Portugal pode se espelhar nos problemas dos vizinhos europeus para se preparar melhor.
Tendo em conta o contexto europeu, ao qual Portugal está em sentido contrário, com o risco efetivo (de transmissibilidade) a aumentar, ainda que a níveis abaixo de 1 e num contexto de prevalência da variante inglesa de 70%, deveremos manter atenção elevada e especial precaução em relação à forma como abordamos as próximas semanas – disse a ministra da Saúde, Marta Temido, após a reunião
O Estado de Emergência, que dá poderes ao governo e ao presidente para implementarem as medidas de contenção, após a aprovação no Parlamento, deverá ser prorrogado até maio.