Brasileira relata ter sido agredida por quatro portugueses em Lisboa: ‘Impunidade total’

Por OGlobo.

A estudante Sophia Velho, de 26 anos, está há três anos no país e disse que isso nunca havia lhe acontecido.

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Sophia relatou ter sido agredida em Lisboa. (Foto: Facebook/Reprodução)

Há três anos em Portugal, a estudante Sophia Velho, de 26 anos, conta que já havia presenciado casos de xenofobia contra brasileiros , mas nunca havia sofrido ela própria uma agressão, como a que relatou ter acontecido no último dia 28 em Lisboa . De tão abalada que ficou, a jovem disse ter conseguido falar sobre o episódio apenas após uma semana. Ela então tomou coragem e publicou as imagens de seu rosto e pernas machucados em um grupo do Facebook, junto com um texto, nesta quinta-feira.

A gaúcha levou uma amiga que estava viajando pela Europa para um bar que já tinha ido algumas vezes com seu ex-namorado. No local, escutou uma portuguesa criticando as brasileiras, proferindo vários xingamentos. Mesmo após reclamar sobre as ofensas, Sophia contou que a cliente não parou de falar mal das brasileiras, que elas são “vadias” e que vão a Portugal “roubar os homens” das portuguesas. Os amigos que a acompanhavam riam do que ela dizia.

— Numa hora minha amiga foi levantar e a menina começou a proferir várias ofensas. Eu então intervi: “Como é que é? Eu sou brasileira!”. Ela disse que não imaginou que eu fosse brasileira, pensou que fosse inglesa. Continuou rindo e falando mal dos brasileiros, fazendo piadas sobre como as brasileiras querem roubar os homens das portuguesas, coisas horríveis. Eu levantei e fui até funcionários avisar que ela me xingou, mas nada aconteceu. Peguei meu casaco e saí com minha amiga — disse a estudante de Design, sobre a primeira parte da confusão.

Em seguida, Sophia contou que a portuguesa foi atrás dela e lhe desferiu um soco, fazendo com que caísse.

Sophia Velho foi agredida em Lisboa (Foto: Reprodução/Facebook)

— Outros garotos me seguraram, eram três ou quatro que estavam com ela. Eu disse: “Me larga!”, mas eles começaram a bater em mim e caí de novo. Depois vi que estavam levando minha amiga de volta pro bar. Entrei de novo no bar, mas um garçom me jogou para fora, bati com o rosto numa pedra de paralelepípedo e ficou roxo — acrescentou, frisando que a rua não é movimentada e estava bem vazia naquela noite.

Uma funcionária da administração do bar Loucos e Sonhadores, na Rua da Rosa, no Bairro Alto, em Lisboa, contou ao GLOBO, nesta sexta-feira, que as agressões ocorreram do lado de fora do estabelecimento e que ela não teria muitas informações a passar por não ter visto a cena. No entanto, disse que, ao perceberem um princípio de tumulto, os funcionários agiram “para evitar que acontecesse o pior” e convidaram as duas clientes que discutiam a se retirarem do local. Em seguida, vendo que uma briga ocorria em frente, a funcionária afirmou que o bar acionou a polícia. Ainda de acordo com ela, o Loucos e Sonhadores “não apoia uma cultura de violência” e que agiu de forma a “evitar algo mais grave”.

A confusão começou quando uma portuguesa começou a ofender brasileiras. (Foto: Facebook/Reprodução)

Embora policiais tenham se dirigido ao local da confusão, Sophia ressaltou não ter recebido qualquer assistência da parte deles. A jovem disse ter levado dois pontos no rosto feitos por uma amiga médica. Ela contou não ter sido encaminhada a um hospital, nem ter feito registro de ocorrência, dado que os policiais sequer lhe escutaram.

— Isso nunca tinha acontecido comigo, mas já presenciei agressões contra brasileiros e muitos angolanos e brasileiros vieram me contar outros casos. Quando contei para minha mãe, ela ficou desesperada, queria eu pegasse um voo para Porto Alegre logo no dia seguinte. Mas estou a um mês de terminar a graduação, então continuei. Acho que estar prestes a voltar para o Brasil me motivou a falar sobre o que aconteceu. Levei uma semana para falar, mas foi preciso. A sensação que passa de um episódio como esse é de impunidade total.

Procurado, o núcleo de imprensa e relações públicas do Comando Metropolitano de Lisboa, da Polícia de Segurança Pública, ainda não se manifestou a respeito do caso.
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