Crise do coronavírus agrava adversidades de imigrantes brasileiros em Portugal

Os brasileiros, que representam a maior comunidade de imigrantes em Portugal, foram à Europa principalmente em busca de uma vida melhor, mas a crise do coronavírus acabou com os empregos e com a renda de muitos – e até empurrou alguns para as ruas.

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Fota do período de quarentena, as filas intermináveis no consulado do Brasil em Lisboa. (FotoCWB)

Uma dos cerca de 150 mil brasileiros em Portugal, Patricia Gomes, de 46 anos, chegou dois anos atrás e vinha se mantendo como um salário mínimo de 635 euros em uma casa de repouso.

A vida não tem sido fácil para a brasiliense, que encontrou uma vaga em um apartamento de Lisboa em que mais de 20 pessoas dividem cinco quartos pequenos e as baratas são comuns. Mas as coisas pioraram muito quando ela perdeu o emprego pouco antes da adoção de um isolamento nacional no dia 18 de março.

Agora ela não consegue pagar os 200 euros de aluguel e depende de doações de instituições de caridade para comer.

“Sem essa ajuda, não conseguiria sobreviver”, disse ela à Reuters por telefone da cozinha que divide com os moradores. “Esta pandemia está dificultando as coisas para mim.”

Embora os despejos e alguns aluguéis tenham sido suspensos, Gomes disse que foi ameaçada de expulsão.

A instituição de caridade de moradores de rua Comunidade Vida e Paz disse que o número de brasileiros e outros imigrantes dormindo ao relento em Lisboa aumentou consideravelmente desde o início do surto.

O governo confirmou que recebeu pedidos de ajuda de imigrantes brasileiros, mas não deu dados.

Cyntia de Paula, chefe da associação de imigrantes Casa do Brasil, disse que sua equipe ficou sobrecarregada de pedidos de brasileiros demitidos em meio à retração econômica.

“A pandemia deixou uma coisa que já sabíamos clara: os brasileiros em Portugal estão em uma situação extremamente precária”, disse.

De acordo com o Observatório de Migração, antes da crise os brasileiros em Portugal recebiam em média 807 euros por mês, 14% menos do que os portugueses.

O ativista brasileiro Bruno Falci disse que muitos de seus compatriotas não tinham contratos de trabalho – um obstáculo para pessoas que tentam obter acesso aos novos planos de ajuda do governo.

Diogo Dias, um paulista de 33 anos, também perdeu o emprego depois que o cabeleireiro para o qual trabalhava fechou as portas.

“Se a economia não se recuperar, não sei se consigo ficar aqui em Portugal”, disse.

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