Manifestação em Lisboa cobra investigação sobre brasileira desaparecida: ‘Onde está a Rosy?’

Por Louise Queiroga.

Rosy se mudou para Portugal no dia 1º de outubro do ano passado e, desde 14 de novembro, não foi mais vista.

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Rosiney com o pai, de 55 anos, que vive no município de Itajaí, no estado de Santa Catarina (Foto: Facebook)

O desaparecimento de Rosiney Trindade de Oliveira, de 31 anos, em Portugal completou três meses na última quinta-feira. Um grupo de brasileiros se reuniu na Praça Luís de Camões, em Lisboa, neste sábado, segurando cartazes com fotos dela, em uma manifestação para cobrar uma ação das autoridades portuguesas. Foi aberta uma investigação sobre o caso, mas nem a polícia nem o Itamaraty fornecem informações sobre o que pode ter acontecido com a mulher. Ela não é vista desde 14 de novembro de 2018.

O grupo “Onde está a Rosy?” no Facebook, que consta com 1,2 mil membros, foi criado para brasileiros conversarem sobre pistas que levem ao verdadeiro paradeiro de Rosiney. Algumas destas pessoas foram até a praça Luís de Camões, na capital portuguesa, neste sábado, para cobrar uma investigação mais minuciosa sobre o caso.

“Queremos uma resposta da Justiça portuguesa! Uma família chora! Onde está a Rosy???”, diz um dos cartazes.

Brasileiros fizeram manifestação em Lisboa para cobrar resultados da investigação sobre o desaparecimento de Rosiney Trindade de Oliveira, de 31 anos (Foto: Facebook/Reprodução)

— Eu preciso da ajuda de vocês para que o sumiço da minha irmã não fique no esquecimento. Eu não sei mais o que fazer. Por favor, me ajudem — clamou Marilei de Oliveira Pires, de 38 anos, irmã de Rosy, neste domingo.

Segundo ela, suas fontes de informação em Portugal são apenas brasileiros dispostos a ajudar. Marilei disse que nenhum órgão público, seja brasileiro ou português, entrou em contato com ela.

Entenda o caso: ‘Ela sempre foi responsável e trabalhadora’

Rosy se mudou para Portugal em outubro. Após breve passagem por Lisboa, se mudou para a vila de Condeixa-a-Nova, na região de Coimbra, para trabalhar em um restaurante. No local, havia um alojamento, onde ela passou a morar.

A família e o dono do estabelecimento dão versões conflitantes sobre a situação da brasileira no país.

A empresária brasileira Larissa Ventura, de 27 anos, que mora em Portugal há três anos, disse ter feito um registro de ocorrência no dia 20 de dezembro de 2018, após ter visto um post no Facebook de uma sobrinha de Rosiney, Daiane de Oliveira Pires, pedindo ajuda para conseguir localizar sua tia.

Rosiney de Oliveira, de 31 anos, desapareceu em Portugal (Foto: Arquivo pessoal)

A história começou a repercutir na imprensa portuguesa, no início de janeiro, com base nas informações passadas pela empresária. De acordo com ela, foi apenas a partir dessa divulgação que a polícia começou a agir. Procurada, a Polícia Judiciária de Portugal afirmou que está investigando o caso, sem informar mais detalhes. Já o Itamaraty informou que “o Ministério das Relações Exteriores, o Consulado do Brasil no Porto e a Embaixada do Brasil em Lisboa acompanham as investigações sobre o caso”.

“Em atenção à Lei de Acesso à Informação, e em respeito à privacidade dos envolvidos, esta assessoria não pode fornecer maiores informações sobre o assunto”, afirmou em nota.

— A sobrinha dela postou num grupo de brasileiros e entrei em contato com ela. Daiane disse que Rosiney respondeu a uma vaga de emprego em Coimbra e os donos do restaurante foram buscá-la em Lisboa. Peguei o nome do restaurante onde ela estava e o contato do dono para entender o que tinha acontecido. Num primeiro momento ele se mostrou solícito e confirmou que tinha ido buscá-la na outra cidade. Ele contou que parecia que Rosiney estava há muitos dias sem comer, começou a apresentar um comportamento estranho e bebia muito, mas deixou que continuasse no alojamento e lhe daria comida até que ela se resolvesse — relatou.

Para Larissa, o dono do restaurante deixou a impressão de querer manchar a imagem de Rosiney, frisando que “era uma alcoólatra que tinha fugido de livre e espontânea vontade”. Ela suspeita de que a brasileira tenha se envolvido com uma rede de prostituição.

Dono do restaurante rebate acusações

José Correia, de 46 anos, proprietário do Restinova, em Condeixa-a-Nova, rebateu as acusações feitas contra seu restaurante.

— Não admito que ninguém que não me conhece difame a minha empresa. Respeito todas as pessoas. Não quero problemas. Ela é alcoólatra, está a precisar de ajuda e saiu daqui por livre e espontânea vontade. A família pôs em dúvida a minha palavra — afirmou José.

O proprietário do restaurante relatou ter feito um anúncio de emprego em um jornal, pelo qual Rosiney demonstrou interesse. Ele disse ter ido a Lisboa para encontrá-la, onde mostrou as páginas do restaurante e explicou como era o trabalho.

— Quando a encontrei, estava completamente desnutrida, não comia há umas duas semanas. A fisionomia não era de uma pessoa forte. No início pensei que fosse droga, mas ela tinha um problema muito grave com álcool. Ficava sempre com uma garrafinha d’água. As informações (de como ela estava) não são nada disso que a família disse.

‘Prostituição nunca. Ela era totalmente contra isso’, diz irmã de Rosy

A família de Rosiney, porém, apresentou uma versão distinta sobre os fatos.

— Ele está mentindo. Ele mentiu sobre muitas coisas: as roupas, bebidas, remédio ou drogas. Tudo foi armado. Prostituição nunca. Ela era totalmente contra isso — frisou Marilei. — Ela sempre foi responsável e trabalhadora.

A sobrinha da brasileira desaparecida também ressaltou que sua tia “sempre foi uma pessoa muito responsável” e que ela não acredita em nada do que foi dito pelo proprietário do restaurante em Condeixa-a-Nova. Segundo ela, Rosiney enviava notícias sobre como estava desde o início de sua estadia no país, em 1º de outubro. O silêncio começou a partir do dia 14 do mês seguinte.

Rosiney tinha o costume de dar notícias a seus parentes (Foto: Arquivo pessoal)

— Ela trabalhou por anos em Curitiba, comprou uma casa, tinha um carro, tudo com o dinheiro dela. Aqui no Brasil não fazia isso (consumir bebidas alcoólicas em excesso). Era muito focada no serviço dela. Era o sonho dela ir para Portugal. Não tinha esse comportamento conforme o dono do restaurante contou. Conversávamos praticamente todos os dias, ela não ia parar de dar notícias — afirmou Daiane. — Rosiney falava que estava muito feliz e mandava foto dela nos lugares onde passava.

Quanto ao paradeiro da brasileira, José acredita que ela possa ter viajado para a Espanha ou a Itália, deixando para trás vários de seus pertences, mas nenhum documento.

— Ela não era muito de falar e não ficou muito tempo aqui. Nós temos feito um pedido para que abandonasse o trabalho por causa desse problema (alcoolismo), mas foi dito por mim que continuasse nas instalações. O restaurante tem uma casa dos antigos proprietários e deixei ela ficar lá num alojamento. Disse: “Pode ficar o tempo que precisar”. Por orgulho talvez, ela disse que não queria e foi embora. Deixou algumas bagagens e a última comunicação dela foi responder uma amiga que estava bem. Depois não respondeu mais. Pensamos que fez uma viagem, talvez para Espanha ou Itália. Pode ter se envolvido com as pessoas erradas. A Europa é tão perigosa quanto o resto do mundo — afirmou o dono do Restinova, que alega ter procurado a polícia.

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