Vindimas: a arte de pisar as uvas que faz bem para o corpo e para a mente

Conheça a tradição portuguesa que se tornou em atração turística e de bem-estar disputada.

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As vindimas são hoje um pequeno luxo para quem busca experiências para além das tradicionais provas de vinho (Foto: Unsplash)

Vindimar é uma arte secular relacionada à colheita das uvas e produção de vinhos, que agora, na modernidade, é sinônimo, também, de uma experiência de bem-estar e alívio do estresse.

A tendência não é nova, mas é desconhecida de muitos. Se em tempos as vindimas foram única e exclusivamente trabalho de gente da terra, hoje é um pequeno luxo para quem busca experiências para além das tradicionais provas de vinho.

Geralmente ocorrem durante o mês de setembro, em Portugal, que é o período de colheita da uva. Mas tudo depende de fatores climáticos do ano em questão. Foi na Casa Relvas, localizada a apenas 1h30 de Lisboa, e a 20 minutos de Évora, na Herdade de São Miguel, onde foi possível viver toda a cultura e tradição do vinho e da vinha, no Alentejo, e provar este espírito tão autêntico que é o das vindimas.

A apanha das uvas com um alicate específico é uma das fases do processo (Foto: Divulgação/Casa Relvas)

O programa geralmente integra a atividade de enoturismo dos produtores e são abertas ao público, sempre mediante reserva antecipada. Começa logo cedo, com um passeio na vinha, para conhecer o terreno e fazer a identificação das castas das uvas. Com chapéu de palha e camiseta dedicada ao ano da colheita, a experiência tem início com a análise sensorial dos cachos, sementes e engaços; o toque é essencial nessa fase, principalmente para poder reconhecer a estrutura da uva, a textura da casca e o sabor do fruto: sim, pode-se (e deve-se) comer a uva, inclusive mastigar a semente – que tem o nome de grainha, em Portugal.

Participantes abraçados cantam músicas tradicionais portuguesas (Foto: Divulgação/Casa Relvas)

Segue-se com a vindima manual, ou seja, a apanha dos cachos com a ajuda de um alicate específico. Tudo o que é apanhado vai para dentro de baldes ou caixas de plástico. Depois, já na adega, chega o momento mais relaxante e prazeroso, a “pisa a pé”, e que por tradição, são sempre momentos muito animados e de grande euforia: a um ritmo constante e com todos os participantes “abraçados”, cantam-se músicas tradicionais portuguesas. Dentro do lagar de pedra, sente-se o romper das uvas e o caldo escorrendo por entre os dedos dos pés. A sensação de bem-estar e de relaxamento é intensa. O mais interessante é que não dá vontade de parar de pisar as uvas… eu diria até que é “excitante” e só quem participa de uma vindima entende o porquê.

Ainda na adega da Herdade de São Miguel, segue-se a prova de “mostos”, que é aquele primeiro suco resultado da pisa. Depois, tudo fica fermentando dentro dos lagares ou tonéis e a natureza acaba fazendo o seu papel.

Vindima feita, chega a hora da prova de vinhos, juntamente com um o almoço memorável ao ar livre, tipicamente alentejano, com produtos locais e pratos regionais. Uma fartura que só!

Almoço ao ar livre, com comida tipicamente alentejana, e degustação de vinhos (Foto: Divulgação/Casa Relvas)

Na Herdade de São Miguel, costuma-se dizer que o tempo passa devagar em boa companhia e, como afirma Alexandre Relvas, o proprietário, “queremos que quem nos visita possa ter este contato direto com a nossa terra, a nossa cultura e tradição, numa experiência que sabemos que não os vai deixar indiferentes, mesmo num ano diferente”. É sem dúvida um dia muito bem passado e uma experiência inesquecível, melhor até que um dia num spa… um pequeno luxo para quer busca “descomprimir”, com mãos à obra, ou melhor, à uva.

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