Em A Dona do Pedaço, Abel é o “chef” da fábrica de bolos de Maria da Paz (Juliana Paes). O rapaz é responsável por criar, e executar as receitas da boleira, e ainda verificar o passo a passo com outros funcionários. O português irá aos poucos se encantar por Britney (Glamour Garcia), jovem trans que chega no local.
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Intérprete de Abel, o ator Pedro Carvalho, bateu um papo conosco e falou sobre o personagem, a torcida do público para o relacionamento dele com Britney, e ainda sobre suas inspirações. Segundo Pedro, ele construiu o personagem inspirando-se em um participante do Big Brother Portugal. Confira o bate-papo.
Como está sendo fazer este personagem, Abel em A Dona do Pedaço?
Eu estou adorando, ainda mais por ser um personagem cômico. Em Portugal já fiz muitas novelas, mas como mocinhos, e aqui tenho essa possibilidade. É a minha terceira novela no Brasil, e diferente de O Outro Lado do Paraíso, em que o personagem era mais sério, em A Dona do Pedaço é tudo mais leve. A trama entre o Abel e a Britney cresce muito. Por estar apaixonado, ele fica mais ‘aluado’, e começa a errar as receitas mesmo sendo ele o chef confeiteiro da Maria da Paz. A novela é um sucesso.
O que você ouve nas ruas ou nas redes sociais?
O público está gostando muito, e shippando muito esse casal. As pessoas riem bastante porque o Abel é muito bronco, e desenvolve uma admiração pela muito interessante pela Britney. Estou me divertindo real em cena.
Ele é realmente inocente como aparenta?
Eu não posso contar muito, mas vocês vão perceber mais para frente o quão inocente ele é.
Características do personagem
Você pratica corrida. Foi ideia sua o personagem também correr?
Isso foi o autor quem escreveu. Quando fiz o teste de caracterização, me disseram que precisariam do Abel com roupas mais abertas, mostrando o peito, e os braços. Acho que os autores e colaboradores vão vendo e escrevendo. O fato de a Britney ser a provadora oficial dos bolos, e não querer engordar foi uma brecha para levá-la para correr.
O Abel não tem a noção de que a Britney é uma mulher trans. Queria que você falasse sobre isso.
É interessante avaliar que o Walcyr consegue falar de um assunto importantíssimo, principalmente nesse momento social e político que estamos vivendo no Brasil, e ele faz isso com humor. O Abel se interessa por uma mulher trans, então o amor, o desejo, o encantamento não escolhe, só acontece. Vamos falar de várias coisas importantes como preconceito, mas de uma forma leve. Contar essa história para mim é um privilégio. Acho inteligente da parte do autor fazer isso pela sutileza.
Marco Borges
Aqui no Brasil temos piadas falando de portugueses burros. Você acha que o Abel é meio burro?
O português não é burro hein gente (risos). Vamos descobrir mais a frente que esse personagem vem de lá de trás dos Montes, que é interior de Portugal. E lá as pessoas são mais ligadas ao campo, o que justifica ele ser um cara desligado, e aproveitei isso para criar esse personagem. Até me inspirei em um confeiteiro que tem em Portugal, que participou do Big Brother por lá. Ele tem esse jeitão bronco, mas tem bom coração. Acho que isso me ajudou a compor o personagem, porque ele é muito doce, mas também muito bruto.
Diz coisas de forma bruta e não tem noção disso. O Walcyr e a Amora disseram que queriam que eu e a Dani (Glamour Garcia) nos divertíssemos em cena, e estou me divertindo. A família do Eusébio, com quem o Abel terá mais contato é muito engraçada. E ainda temos como âncora a Maria da Paz, que tem uma comicidade, assim como em toda a equipe dela, composta pela Britney, Márcio, e Zé Hélio.
Esse confeiteiro do Big Brother que você citou, você chegou a conversar com ele?
Eu conheço, é meu amigo. Se chama Marco (Borges). Consegui ver várias coisas dele, e pegar um pouco das características.
Pedro e a culinária
Você gosta de culinária?
Eu já lancei um livro culinário em Portugal há dois anos. Se chama Sopa Para Síria, em que convidei os chefs mais conhecidos do país, que participaram do MasterChef e todos elaboraram uma receita gourmet de uma sopa. Oitenta por cento da verba do livro se reverteu a favor dos refugiados sirios. Eu gosto muito de cozinha, volta e meia nas minhas redes sociais posto alguma foto cozinhando. Mas a doceria é realmente o meu pecado, sou maluco com doces, e me colocaram num cenário que tem bolos o tempo inteiro.
E você come?
Tenho que controlar porque daqui a pouco vou ter que tirar a camisa em cena, e ainda tem uns gominhos aqui (risos).
Nas redes sociais, o público delirou quando a Britney falou para o Abel que se ele fosse um microondas, ela já estaria assada…
Vai ter tanta frase como essa. No meu Instagram recebo cantadas que vocês não têm noção, as coisas mais surreais. Até chego a mandar para os meus amigos.
Já recebeu nudes via direct?
Muitas nudes (risos).
Como está sendo a parceria com a Glamour, que está estreando em novelas?
Estou muito feliz com essa parceria, porque a Dani é uma atriz que apesar de estreante é muito disponível. E ela é muito engraçada na vida real também. Ela fala coisas que eu rio o tempo inteiro. A gente em cena troca muito. É fácil trabalhar com ela, e ela é muito disponível. Agora que temos mais intimidade, estamos mais soltos, e vocês vão perceber isso.
Preconceito
Você falou que tem gente shippando o casal, mas você acha que também existe o preconceito?
Sim, vai sempre rolar preconceito porque infelizmente há pessoas que ainda não estão neste mundo, nem sei onde estão. O mais interessante quando isso acontece é que vem pessoas que rebatem esse preconceito, e um comentário se alimenta de outro.
Você costuma rebater essas pessoas preconceituosas também?
Às vezes quando é demasiado pesado eu rebato porque acredito que nós como atores, figuras públicas, temos esse dever e missão de dar nossa opinião e dizer ‘calma, não é assim’.
Você acha que o próprio Abel terá preconceito contra a Britney em algum momento?
Se rolar esse preconceito dele é porque é realmente um cara burro, vou usar essa palavra. Ele é bruto, bronco, falta instrução mas acho que a novela reserva um desenrolar de personagens interessante.
Você torce por esse casal?
Muito. O público já está torcendo, e aconteça o que acontecer vai continuar torcendo porque eles são muito bons, leves, não têm maldade, e eu super torço por esse casal.
Ator da diversidade
A Glamour é uma atriz, assim como a Nany People é uma atriz que estava na novela anterior. Você acha que existe o preconceito de colocá-las numa prateleira, não só como atrizes, mas como atrizes trans?
Eu adoraria que o mundo caminhasse para um jeito que mostrasse que somos todos diferentes e todos iguais ao mesmo tempo. Desejo como ser humano que caminhemos para uma igualdade e que diferenças sejam valorizadas. A Dani é uma mulher linda, e é isso. Ela se sente mulher, é mulher e pronto.
Na novela passada, seu personagem se apaixonou por uma anã, agora por uma mulher trans. Você é realmente um ator da diversidade?
É engraçado isso. Precisei vir para o Brasil depois de 13 novelas em Portugal… Para mim é interessante falar de coisas tão importantes e ser o veículo para que isso se fale. Em Portugal e na Europa, isso já não é tema, mas aqui é importante falar sobre isso. Aqui infelizmente ainda é assim, e fico feliz de ajudar a pessoa que está contando essa história. Não quero ser pretensioso, mas vai ser para educar a mentalidade das pessoas e acho genial estar sendo escrita e contada dessa forma. Vocês vão rir muito. Eu rio lendo os capítulos.
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