Filme brasileiro vence prêmio Un Certain Regard em Cannes


Por GShow.

Mostra ‘Un Certain Regard’ coroou ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, do cearense Karim Aïnouz.

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Na trama de “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, as irmãs Guida e Eurídice são cúmplices no afeto que têm uma pela outra. (Foto: Bruno Machado/Divulgação)

Definido por seu realizador, o cearense Karim Aïnouz, como um “melodrama tropical”, “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, adaptação para o cinema do livro homônimo de Martha Batalha sobre duas irmãs no Rio de Janeiro dos anos 1950, saiu premiado do 72º Festival de Cannes: conquistou Prix Un Certain Regard no encerramento da mostra.

Karim dedicou suas vitória às mulheres, com um destaque especial a uma delas: Fernanda Montenegro, que integra seu elenco.

“O Brasil está passando por momentos difíceis, com nossa educação ameaçada. Que venham dias melhores”, disse ele no palco do Palais des Festivals, em português.

Uma das vitrines mais importantes do evento, paralela à disputa pela Palma de Ouro, a seção, traduzida literalmente por aqui como “Um Certo Olhar”, exibiu o longa-metragem na última segunda-feira, 20/5. Desde então, foram só elogios para ele, e nas mais variadas línguas. No comando do time de jurados, a cineasta libanesa Nadine Labaki (indicada ao Oscar em janeiro com “Cafarnaum”) encantou-se com toda a sensorialidade que o realizador de “Madame Satã” (2002) imprimiu em sua releitura para a saga de Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Júlia Stockler).

Assista ao trailer:

“Uma das certezas que eu tinha nesse projeto, filmado ali pela Tijuca, por Santa Teresa, pelo Estácio, era de que não queria filmar na Zona Sul do Rio, como todo mundo faz. Há uma outra geografia que eu queria explorar. Outra coisa a ser vetada: mulher chorando. Queria a força feminina, mostrar mulheres que vão à luta”, disse Karim, que, em 2011, exibiu “O Abismo Prateado” em Cannes, na Quinzena dos Realizadores, um projeto feito pelo mesmo produtor de “A Vida Invisível…”, o carioca Rodrigo Teixeira, da RT Features.

‘A vida invisível de Eurídice Gusmão’ tem Carol Duarte e Júlia Stockler como protagonistas. (Foto: Bruno Machado/Divulgação)

Suas atrizes também saíram da projeção de Cannes cobertas de elogios.

“A gente não se conhecia antes das filmagens, mas entendemos, de cara, que para essa história funcionar, a gente precisava se respeitar muito”, disse Júlia Stockler, lembrando que Karim tem um set silencioso, onde ninguém usa celular e o elenco é chamado pelo nome de seus personagens.

“Eurídice é uma personagem que pouco verbaliza: ela não fala, ela traduz sua angústia no olhar”, disse Carol Duarte ao falar de sua personagem, uma virtuosa pianista que passa décadas buscando o paradeiro da irmã. Em novelas, a atriz interpretou Ivana, de A Força do Querer, e Stefânia, de O Sétimo Guardião.

Karim Aïnouz é respeitado dentro e fora do país por “O céu de Suely” (2006) e “Madame Satã” (2002). (Foto: Bruno Machado/Divulgação)

Além de reconhecer Karim & cia. do Brasil, Nadine concedeu ainda o prêmio de melhor direção para o russo Kantemir Balagov , por “Beanpole”. Na categoria de interpretação, venceu Chiara Mastroiannim pelo tocante “Chambre 212”, de Christoph Honoré. Houve ainda uma láurea especial para Bruno Dumont: uma menção honrosa para seu musical, “Jeanne”, sobre Joana D’Arc.

Há um ano, o Brasil saiu da Un Certain Regard premiado pela coprodução com Portugal “Chuva é Cantoria na Aldeia das Almas”. Na ocasião, recebeu o prêmio especial do júri.

O Prix Un Certain Regard é o equivalente à Palma de sua mostra, dedicada a experiências narrativas de cineastas autorais já consagrados e a exercícios narrativos de novos talentos. É a maior honraria que um filme brasileiro de ficção ganha na Croisette desde 1962, quando Anselmo Duarte recebeu a Palma dourada por “O Pagador de Promessas”. Há três anos levamos a Palma dos documentários, o troféu L’Oeil d’Or, dado a Eryk Rocha por “Cinema Novo”.

Neste sábado será entregue a Palma de Ouro e prêmios paralelos, como a láurea do Júri Ecumênico e a do Júri da Crítica, votada anualmente pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (Fipresci). O cinema nacional está no páreo do júri oficial, presidido pelo diretor mexicano Alejandro González Iñarritu (de “Birdman”), com um par de longas: “Bacurau”, de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho; e “O Traidor”, do italiano Marco Bellocchio, com Maria Fernanda Cândido.

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