Portugal e Espanha decidem fechar fronteiras para turismo e lazer a partir de segunda-feira

Casos de coronavírus em Portugal crescem 45% em 24 horas, e governo quer evitar colapso do sistema de Saúde.

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Floristas usam máscaras em Lisboa: pacientes infectados com coronavírus no país passaram de 169 a 245 de sábado para domingo, alta de 45% em 24 horas. (Foto-AFP)

Em meio à pandemia do novo coronavírus, as fronteiras entre Portugal e Espanha serão fechadas ao lazer e ao turismo a partir desta segunda-feira. A medida foi anunciada pelo primeiro-ministro português, António Costa, após uma teleconferência com o premier espanhol Pedro Sánchez. Os detalhes da medida serão definidos nesta segunda-feira pelos ministros de administração interna da Europa. Mas já está definido que turistas estão proibidos de cruzar as fronteiras. Apenas a circulação de transportes de mercadorias entre os países serão permitidas.

— A restrição para lazer é importante tendo em conta que sabemos que, nas férias da Páscoa, há tradicionalmente um aumento de turistas — disse Costa.

A Espanha entrou em quarentena neste fim de semana e a população espanhola só pode sair de casa para trabalhar, comprar alimentos e em casos de emergência. Farmácias, supermercados e poucos estabelecimentos seguem abertos.

Desde sábado o governo português realiza ações de controle pontual na fronteira terrestre com a Espanha, recolhendo informações de origem e destino de quem entra no país. Países da Europa têm fechado progressivamente suas fronteiras.

A preocupação aumentou em Portugal pois o país entrou neste fim de semana em fase de crescimento exponencial de casos de coronavírus. Os pacientes infectados passaram de 169 a 245 de sábado para domingo, um acréscimo de 45% em 24 horas. Nove pessoas estão em cuidados intensivos. Quase cinco mil estão sob vigilância, há 2,3 mil outros suspeitos de estarem infectados e 281 aguardam resultados.

O governo anunciou no domingo que o foco agora será o de evitar o colapso do sistema de saúde, como aconteceu na Itália, que ficou sem leitos hospitalares disponíveis. Todos os hospitais portugueses terão de receber infectados e não apenas as unidades de referência. Mas doentes com sintomas moderados serão tratados em casa. Consultas não emergenciais serão adiadas. A estimativa é que, com a progressão dos casos crônicos, o Sistema Nacional de Saúde (SNS) pode enfrentar uma sobrecarga durante o pico da doença, que ainda estaria por vir, possivelmente em maio.

— Estamos na curva ascendente e não sabemos quanto tempo vai durar. Se os comportamentos (de prevenção) não mudarem, o Sistema Nacional de Saúde não vai aguentar. As próximas semanas serão duras — disse a ministra da Saúde, Marta Temido.

Visitação limitada a idosos

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, apelou para o cuidado com os idosos, população vulnerável. Há 28% de acréscimo de mortes de idosos em Portugal no inverno em comparação com outras estações. Em 2017-2018, foram 3,7 mil óbitos a mais. Pessoas acima de 85 anos (3% da população) foram as mais atingidas por complicações com a gripe e frio. Dois milhões de pessoas, 20% da população, não têm dinheiro para aquecer adequadamente suas casas.

O governo limitou a visita aos lares de idosos. A produtora cultural carioca Bel Maria Vieira seguiu a determinação em casa. Ela vive com a mãe, Maria Vieira, de 86 anos, no Porto, na região norte, que tem 77 casos de coronavírus.

— Suspendi a fisioterapeuta e a cuidadora particulares. Eu deixo álcool na entrada da casa e troco de roupa assim que volto da rua. Não nos beijamos nem abraçamos. Fiz estoque de medicamentos diários e vou aguardar um pouco para levá-la a um exame que estava marcado — disse Bel.

A cuidadora de idosos Neide Martiniano concorda:

— Pela idade, são todos vulneráveis. Temos que protegê-los do frio com aquecedores, agasalhos e mantas. Entregar boa alimentação e, para quem cuida, essencial é lavar as mãos e usar máscaras e luvas sempre.

A partir de segunda-feira, cerca de 750 mil pais iniciam em Portugal o período de isolamento social e poderão ficar em casa com as 900 mil crianças até 14 de abril, quando as escolas deverão reabrir.

Os detalhes sobre o fechamento das fronteiras áreas e marítimas ficaram para serem decididos pelos ministros europeus na segunda-feira. O período de encerramento da fronteira deverá durar pelo menos trintas dias. Pessoas que trabalhem nos países vizinhos poderão transitar se comprovarem que o deslocamento é feito exclusivamente para fins laborais.

Com o país em estado de alerta devido à pandemia de coronavírus, o premier português anunciou que não dará parecer negativo a um possível decreto de estado de emergência, que restringiria ainda mais a circulação de pessoas, a exemplo de Espanha e Itália.

A medida só poderia ser declarada pelo presidente da República, Marcelo Rebelo, que conversou com Costa por videoconferência. A última vez que Portugal declarou estado de emergência foi em 1975. Há ao menos dez postos de fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha. Também há ligações fluviais, feita por travessia de barcos e pontes.

Áustria, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Polónia, República Checa e Suíça, que constituem o Espaço Schengen de livre circulação, fecharam suas fronteiras antes de Portugal. A Alemanha também deverá fechar fronteiras nesta segunda-feira.

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